quarta-feira, 14 de abril de 2010

INCLUSÃO – UMA TAREFA DE TODOS (ESCOLA, PAIS, COMUNIDADE)

A realização do objetivo de uma educação bem-sucedida de crianças com necessidades educacionais especiais não se constitui tarefa somente do Ministério de Educação e das escolas. Ela requer a cooperação das famílias e a mobilização da comunidade e de organizações voluntárias, assim como o apoio do público em geral. A experiência provida por países ou áreas que têm testemunhado progresso na equalização de oportunidades educacionais para crianças com deficiência sugere uma série de lições úteis.

Interação com os pais

A educação de crianças com necessidades educacionais especiais é uma tarefa a ser dividida entre pais e profissionais. Uma atitude positiva da parte dos pais favorece a integração escolar e social. Pais necessitam de um apoio para que possam assumir seus papéis de pais de uma criança com necessidades especiais. O papel das famílias e dos pais deverá ser aprimorado por meio da provisão de informação necessária, em linguagem clara e simples, com vistas a satisfazer as necessidades de informação e de capacitação no atendimento aos filhos. É uma tarefa de singular importância, em contextos culturais, com escassa tradição de escolarização.

Pais se constituem parceiros privilegiados no que concerne às necessidades especiais de suas crianças e, desta maneira, eles deverão, o máximo possível, ter a oportunidade de poder escolher o tipo de provisão educacional que eles desejam para suas crianças.

Uma parceria cooperativa e de apoio entre administradores escolares, professores e pais deverá ser desenvolvida. Pais deverão ser considerados parceiros ativos nos processos de tomada de decisão. Pais deverão ser encorajados a participar de atividades educacionais em casa e na escola (onde eles podem observar técnicas efetivas e aprender como organizar atividades extracurriculares), bem como da supervisão e da oferta de apoio à aprendizagem de suas crianças.

Governos deverão tomar a liderança na promoção de parceria com os pais, por meio tanto de declarações políticas, quanto legais, no que concerne aos direitos paternos. O desenvolvimento de associações de pais deverá ser promovido e seus representantes devem estar envolvidos no delineamento e na implementação de programas que visem o aprimoramento da educação de seus filhos. Organizações de pessoas com deficiências também deverão ser consultadas, no que diz respeito ao delineamento e implementação de programas.


Participação da comunidade


A descentralização e o planejamento local favorecem um maior envolvimento da comunidade na educação e na capacitação de pessoas com necessidades educacionais especiais. Administradores locais deverão encorajar a participação da comunidade por meio da garantia de apoio às associações representativas, convidando-as a tomarem parte no processo de tomada de decisões. Para isto, deverão ser criados mecanismos de mobilização e de supervisão, que incluam a administração civil local, as autoridades de desenvolvimento educacional e de saúde, líderes comunitários e organizações voluntárias, em áreas geográficas suficientemente pequenas para assegurar uma participação comunitária significativa.

O envolvimento comunitário deverá ser buscado, no sentido de complementar as atividades escolares, de prestar ajuda para a concretização dos deveres de casa e de compensar a falta de apoio familiar. Neste sentido, o papel das associações de bairro deverá ser mencionado, para facilitar ajudas locais, bem como o papel das associações de famílias, de clubes e movimentos de jovens, considerando, também, a participação importante das pessoas idosas e outros voluntários, incluindo pessoas com deficiências, em programas tanto dentro como fora da escola.

Sempre que uma ação de reabilitação comunitária seja provida por iniciativa externa, cabe à comunidade decidir se o programa se tornará parte das atividades de desenvolvimento da comunidade. Aos vários parceiros na comunidade, incluindo organizações de pessoas com deficiência e outras organizações não-governamentais, deverá ser dada a devida autonomia para se tornarem responsáveis pelo programa. Quando for o caso, as organizações governamentais nacionais e regionais deverão prestar também apoio financeiro e de outra natureza.

Fonte: Saberes e práticas da inclusão : recomendações para a construção de escolas inclusivas. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC. – Brasíla : MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. 96 p. (Série : Saberes e práticas da inclusão)
Disponível em http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/const_escolasinclusivas.pdf.

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